Thursday, February 18, 2010
Amor de mãe... não se explica
Hoje eu tô puta. Eu tô bufando.
7:30 AM
- Acorda! Acorda! Eu tô atrasado. Você pode dar comida pra Stella e levar ela pra passear? – o Mike tem a ousadia de me acordar.
- Ah... quê?
- Acorda!
- Não enche o saco.
- Acorda!
- Mas que cacete!
Não acordei. Me recusei.
Daqui a pouco vem a Stella me lamber.
- Stella, eu vou te arrebentar! Você pára de me lamber.
Ela não pára.
- Acorda, Carol! Eu tô atrasado.
E ele liga a TV na ESPN. Eu começo a escutar a voz maldita do locutor de esportes falando sobre o esporte mais chato do mundo: futebol americano.
Deus não existe e a humanidade já está queimando no inferno – é tudo que tenho a dizer sobre futebol americano às 7:30 da manhã.
- Mike, caralho. Me deixa dormir mais uma hora. Daqui a pouco eu acordo.
- Você tem que levar a Stella no veterinário também.
- Eu sei. Me deixa dormir.
- Mas promete que você vai levar a Stella no...
- BUCETA! ME DEIXA EM PAZ, MARIDO! QUE COISA!
Ele foi embora. E eu fui fazer café.
Ah, acabou o café.
Dei a comida pra Stella, que está com a pata machucada porque tentou pular a cerca atrás de um esquilo e enroscou a pata no arame.
- Stella, espera aí. Eu vou comprar café.
Pego a chave do carro.
Choramingo.
- Pára de chorar. Eu já volto.
Mais choramingo.
É sempre assim. Essa cachorrinha me segue pela casa 12 horas por dia. Quando eu vou ao banheiro, ela fica choramingando na porta.
- Stella, mas que coisa! Eu não posso nem mijar em paz mais?
Depois ela choraminga pra ir dormir comigo. Nem dormir ela consegue sozinha.
- Cachorrinha, você precisa ser mais independente.
Toda vez que ela escuta o barulho da chave do carro, começa a ter um ataque.
- Tá bom, tá bom. Eu vou levar você.
Ela entra no carro, toda chiliquenta, porque ela é assim. Lá foi ela na cafeteria comigo, com aquele rabinho torto de vira-lata dela abanando.
Comprei café.
Eis que se não quando, a vadia da Stella vê um esquilo na rua. Chilique máximo! Ela pula, choraminga, quer pular pela janela, fica louca... E derruba meu café em cima dela mesma. Queimou a orelha.
Eu fico puta! Agora não tenho café.
Mensagem de texto:
“VOCÊ JÁ LEVOU A STELLA NO VETERINÁRIO?”
O que eu respondo:
“NÃO, MAS COMPREI UMA COVA PRA ELA. NÓS TEMOS UMA PÁ DE JARDINEIRO EM CASA?”
Agora sem café, tive que dar banho na Stella – o que é outro desafio.
Ela se sacode, foge da água, mastiga o sabonete, choraminga, late... enfim, enche o saco. Depois que sai da banheira, ela quer atacar o ar que sai do secador de cabelo. Fica lá, numa briga sem fim com o nada, mostrando os dentes pro ar, enfurecida com aquele ventinho.
- Stella, you can suck a dick for all I care.
Sequei.
Fui comprar café de novo. Deixei ela choramingar sozinha em casa.
Ah, café, cigarros. Me sinto mais calma.
Volto. Abro a porta da casa. Lá está ela, com aqueles olhinhos de filhote, inocentes. Ela vem abanando o rabinho, toda feliz.
Eu me senti culpada. Passei a mão na cabecinha dela. Chamei ela pro sofá e abracei a minha Stellinha linda do coração. Ela ficou lá, quietinha.
Tudo o que a Stella quer, afinal, é ficar perto de mim. Ela ama pessoas. A Stella não vê cor, sexo, nacionalidade, tamanho ou opção sexual. Ela é só um serzinho inocente que ama o mundo.
Foi então que eu me virei, olhei para a poltrona e lá estava ele: o xixi da Stella.
Na minha poltrona, com o rancor mais vingativo do mundo, aquele xixi me encarava dizendo: “Viu, sua vaca? Você me deixa sozinha por 15 minutos e eu mijo mesmo! Ou você pensou que isso ia passar em branco?”
Olhei para ela com a cara mais de Marlon Brando em “Um bonde chamado desejo” que consegui fazer. E, em bravos pulmões soltei:
- STELLAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
1 comment:
Troca de informações decifradas!
beijoss
Gi
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