Wednesday, January 27, 2010

O gênio que virou tomada


Uma coisa que poucos sabem é que eu fui treinada em música clássica e, acreditem se quiser, em óperas.

E mesmo depois que virei adulta e abri meus horizontes musicais, a essência nunca mudou. Posso escutar Iggy Pop falando que quer ser meu cachorro, o Anti Nowhere League falando que eles são um aborto humano, e até Misfits falando “Eu estuprei sua mãe hoje, mas não tô nem aí” ...

Mas o passado lírico não me deixa.

Foi uma combinação de educação familiar clássica judaica com a influência de amigos, principalmente meu melhor amigo do colegial - o Luis, que fez com que meu gosto musical se tornasse essa bagunça.

Graças a Deus e ao bom senso, meu passado de conservatório não me faz gostar de cânceres sociais tipo Nightwish e... qual é a outra atrocidade musical mesmo? Peraí, tenho que ir no Google...

... Voltei do Google!

Evanescece! Puta merda, aquilo é uma maldição!

Mas eu cansei de esconder meu passado. Senhoras e senhores: eu sou da época em que BBB era gíria para Bach, Brahms e Beethoven ao invés de Big Brother Brasil. Pronto, falei! Essa gíria existe mesmo, não tô inventando.

Sempre tive minhas diferenças com o barroco, então tenho uma relação de amor e ódio por Johann Sebastian e outros, tipo Vivaldi (o padreco). Alem do mais, nunca curti a cara do Bach nas fotos, ele é o mais esquisito de todos. E todo aquele lance de Jesus me enche um pouco o saco. Mas daí... Ah, daí... Só os insensíveis conseguem escutar Prelúdio e Fuga em Dó Menor sem sentirem a espinha arrepiar.

A era clássica nos salva um pouco da igreja, e a loucura latente de Mozart chega para quebrar os padrões da época com óperas cantadas em alemão. Só Wolfgang Amadeus consegue transformar um dos idiomas mais durões do mundo em romance. Aí chega Hitler para acabar com a festa em seus discursos em praça pública, voltando a transformar o alemão numa das línguas mais tenebrosas da história de novo. Mas isso foi bastante tempo depois... Até o alemão já teve sua era romântica.

Aliás, Hitler também acabou com o nome Adolf. Ninguém mais se chama Adolf. Ah, tudo bem... Adolf nem é um nome tão legal quanto Wolfgang, Ludwig ou Johannes.

E, pensando nisso: o que aconteceu com a Áustria? Um monte de coisas legais, cavernosas e esquisitas vieram da Áustria. O império Austro-Húngaro, pelo amor de Deus! Aliás, o que aconteceu com a Hungria? Nada de relevante vem de lá também... Ah, vai saber.

Mas voltando aos germânicos... Vocês acreditam que Beethoven virou o nome de um São Bernardo babão em um filme para famílias? Ludwig van deve estar pulando de raiva na cova... Ele já tinha umas tendências agressivas suicidas mesmo, era meio putinho, meio cheio de TPMs.

E o próprio São Bernardo? Passou de santo, ser divino... a cachorro babão! Vê se pode!

Agora, o pior de todos é o Benjamin Franklin! Benjamin descobriu a eletricidade, assinou o documento de independência dos Estados Unidos e terminou como aquele trequinho cheio de plugs para tomadas!

“Ô Ricardô! Me passa o benjamim pra eu ligar o Playstation aqui, meu!”

Querido Benjamin, eis aqui seu legado: você é um trequinho de plástico para tomadas. Minhas sinceras desculpas.

“Todos os dias, às nove da manhã, eu acordo e pego o jornal. Vou para a parte de óbitos. Se meu nome não estiver lá, eu me levanto.” – Benjamin Franklin.

Pelo menos esse não deve estar se mordendo na cova, tinha mais senso de humor.

Nesse meu pensamento nostálgico sobre meu passado tão cheio de influências, peguei o violino que não tocava há anos, imprimi uma meia dúzia de partituras e dei um concerto na sala para minha vira-lata, a Stella.

- Minha cara Stella. Senta.

Ela sentou.

- Boa menina. Agora fica.

Ela ficou.

- Stella, eu lhe apresento “Rondo Alla Turca”. Uma das peças mais influentes do período clássico, composta por um baixinho clinicamente louco e muito mais útil para a sociedade que Napoleão. Stella, é hora de você conhecer Wolfgang Amadeus!

A coitada da Stella só conseguiu agüentar minha marchinha violínica por um pouco mais que vinte segundos. Depois se levantou e foi correr atrás de pombos no jardim.

Eu continuei sozinha, quase que automaticamente. Terminei o movimento e pensei:

- Não liga, Mozart. Ela é só uma cachorrinha. Na semana passada mesmo, ela comeu um monte de maconha e ficou dura por dois dias. Só se levantava pra beber água. Ela não sabe o que faz.

Pobre Mozart. Existe um doce de coco e chocolate na Áustria chamado “Bolas de Mozart”. As bolas do Mozart foram diminuídas a um docinho de coco. Depois disso, acho que ele não liga se a Stella não gostar muito dele.

Eu entenderia se na Itália eles tivessem um pirulito chamado “pistola do Rocco”. Mas pô, por que usar as bolas do Mozart para nome de chocolate? Que sacanagem!

E o Hitler, esse se fodeu, o “bigode de Hitler” é hoje termo para depilação da vagina. Digo que ele se fodeu porque Hitler não gostava de mulher. Deveriam ter chamado o estilo de “bigode de Chaplin”. Chaplin sim, esse ficaria honrado de ter o bigode colado em milhares de vaginas brasileiras!

O ponto desse texto é que, leitor... leia bem:

Não importa o quanto você se esforce, o mundo nunca vai te levar tão a sério quanto você mesmo se leva.

Então, da próxima vez que alguém falar que você não é tudo isso, lembre-se que Benjamin Franklin virou tomada, que as bolas do Mozart são comidas diariamente por austríacos, que Hitler tomou o lugar de Chaplin na hora de ter o bigode colado em vaginas por todo mundo, que São Bernardo virou cachorro e que o cachorro virou Beethoven!

Leitores, desistam. Num mundo desses, só nos resta viver.

4 comments:

rafael said...

Desde o jornalzinho da 7ª série sempre senti uma aptidão tua às crônicas (aliás, senti uma pitada de José Simão, ou foi impressão?)! hahahaha...
E sou testemunha do inicio do violino - acho que a Stella não fugiu por causa de Mozart ^^.
beijos!
Rafael - jaboticabal.

Georges said...

Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, só se enganou a respeito de uma coisa: a língua alemã é a mais doce e musical de todas que existem!
Como é que vc acha que puderam surgir os BBBs?!?
Beijão!

Anonymous said...

Sbaile. Qual seu nome de casada? -- Curiosidade.
Mas, adorei. Novamente... Incrivel.

Bjus.
Caio

Anonymous said...

Viver sem as hipocresias do BBB atual!!!! Tb tive formação clássica, tenho até uma irmã chamada Turandot, da ópera de Puccini. Maria Callas é minha musa... mas tb escuto Marina Lima. Rs!
beijossssss
Gi

Post a Comment